Ode ao Eu Vazio.

Éramos para ele, meros manequins de carne. Com movimentos suavizados por entre suas marcações tribais do consumismo indiscriminado, puxados e movidos por tendões invisíveis.
Quando foi que nos tornamos parte dessa massiva onda de estagnação? Empurrando com barrigas no sexto mês.
Cá estamos, os barões das noites sem fim, com nossas lentes lisérgicas, tornando o mundo um espetáculo do inexistente. Carregados por nossas muletas alcoólicas, as quais não nos atrevemos a abrir mão.
Para ele, éramos apenas humanos.
Essa linha de eventos se torna cada vez mais angustiante, repetida mil vezes em memórias que somente se diferenciam quando recordadas.
No mais, somos produto do momento, da situação que nos envolve. Envoltos em orações a deuses mortos, buscando a iluminação interna, sem sabermos que somos frágeis demais para alcançarmos algo maior que o que somos.
Então ele nos observara.
Eventos históricos afogados em contos infundados, nosso conhecimento é o que o ambiente nos mostra, o que o céu nos diz. Talvez você prefira ouvir os elogios de um sol adorado, ou quem sabe os lamúrios de uma chuva torrencial. Mas a névoa com cheiro de burguesia e cigarro sempre estará lá. Ela não irá chamá-lo, ela não lhe oferecerá nada.
Nenhum sussurro para inflamar seu peito, nenhuma adoração reabilitada. Nada.
Mas ele caminhou por entre ela e seguiu rumo ao vazio, o espaço por entre a existência ilimitada do pensar. Ali ele finalmente nos enxergou como somos.
Ali, ele finalmente pode nos compreender, além do materialismo canibalístico original, do carbono refinado pelo tempo.
Em um lugar chamado solidão.

2 comentários:

M. Cruz Maia disse...

Sempre tão intenso...Estava com saudades dos seus escritos... Continue a escrever por favor..

Laís Thalles disse...

Cá estou eu aqui novamente, lendo e relendo.