-"Desculpa." Ela disse em tom de choro.
-"Pelo que?"
-"Eu te decepcionei, não foi?"
Eu conseguia ouvir as lágrimas dela.
-"Não, só não entendi o que você quer comigo." Minha raiva passara.
Ela desligou sem me dar uma resposta. Continuei minha jornada até minha casa novamente, onde tudo estava como deixei: Bagunçado. Abri a geladeira, peguei uma garrafa grande de vinho, uma caneca e fui sentar-me em frente ao computador.
Fiz o básico, li meus e-mails, procurei algo interessante e comecei a ouvir música. Desliguei o monitor e peguei um caderno e uma caneta, nunca gostei de escrever no computador, acendi um cigarro e continuei no vinho dormido. A cada linha, eu me sentia cada vez mais leve, parando esporadicamente para mudar de música, deixando a imaginação me levar pelos mais maravilhosos paraísos, enquanto o coração reclamava de minha indiferença. Páginas e mais páginas depois, deparo com um maço vazio, nenhuma outra opção além de sair para comprar mais.
Ao chegar no posto, parei o carro e entrei pela porta de vidro, procurando algo além. Passei pelos sorvetes, refrigerantes, licores e revistas, porém nada me chamou atenção. Cheguei de cabeça baixa, olhando variadas marcas de porcarias açúcaradas, entrei em um consentimento que não havia nada ali, tirando o cigarro, que realmente me agradasse. Com o dinheiro em punho, fiz meu pedido.
-"Um maço de Lucky Strike vermelho, por favor." Ainda tentando entender um slogan mal feito.
-"Porque você não para de fumar?"
Naquele momento, minha mente entrou em pane. Como alguém que eu nem mesmo conheço tem o direito de me julgar daquela maneira? Olhei atônito por meros segundos, ali estava ela, minha ex-namorada parada bem na minha frente, uniformizada e envolta em reprovação. Logo em seguida tive minha luz de sabedoria, eu sabia que ela trabalha ali, mas com tantas coisas voando pela minha mente, apenas segui em direção a qualquer lugar.
-"Não paro porque não quero, fica com o troco." Empurrei uma nota qualquer de valor alto, peguei meu cigarro e saí, ainda mais inquieto.
Entrei no carro, encostei a testa no volante e parei. Simplesmente parei no tempo e deixei que tudo escorresse, deixando todos os pensamentos em branco. E ali fiquei por alguns minutos, até que ela abriu a porta e sentou-se ao meu lado.
-"Nero, o que está acontecendo?" Ela olhava em meus olhos.
-"Nada, só estou um pouco ansioso, porque?" Abri as janelas e acendi um cigarro, ela não gostou.
-"Você não vêm aqui, por minha causa, eu sei, mas hoje você veio."
-"É, eu estava meio preocupado com outras coisas e não percebi."
-"Tá, tudo o que eu quero é que você fique bem."
-"Tanto faz, não vou aparecer aqui denovo." Liguei o carro pronto para sair, só esperava ela deixar o carro.
-"Não, pode vir, eu queria mesmo falar com você." Ela não ia sair, me conformei, desliguei o carro e suspirei.
-"Você não vai se prejudicar?"
-"Não, meu turno já acabou." Acendi outro cigarro.
-"Bom, eu só queria que você soubesse que eu sinto falta da nossa amizade, nossas conversas." E esboçou um sorriso.
-"Eu também gostava, mas você resolveu que outro seria melhor que eu, porque precisa de mim agora?"
-"Todos cometemos erros na vida, não fui a única, mas me arrependo de ter comprometido nossa amizade."
-"É, mas eu já nem lembro mais porque eu deva ser seu amigo."
3 comentários:
Ai, tadinha dela, também, né? :x
adooorei
belíssimo blog,parabéns!
seguindo.
;*
Carmim, adorei..
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