Sentou-se em um banco, numa praça conhecida. Estava confuso e inquieto, tudo rodeava sua cabeça novamente, mas não havia dor.
Por enquanto.
Acendeu um cigarro, pegou o caderno velho e a caneta furtada e iniciou seu legado. Começou com desenhos disformes, rabiscos e idéias incomuns. Passou logo aos textos sem simetria ou sentido, avançando cada vez mais por entre as folhas em branco.
Apenas pensava na dor que não chegava e tentava sentir-se preparado para a tortura iminente.
Decidiu se mover, passou a caminhar pelas ruas vazias, acompanhado de seu fiel Gudang Garam, iluminando a noite chuvosa que iria enfrentar.
E enquanto o rapaz desaparecia pelas ruas, seu caderno, sua arte, repousava no banco de pedra.
Quando encontraram o caderno, molhado pela chuva, a única parte legível era esta:
Um dia frio
Eterno vazio
Perdido
Esquecido
O tempo passa
Mas a dor vicia
A tristeza adormece
E a mente adoece
Os sentimentos se apagam
Os órgãos falham
Como uma droga
Igual às malditas drogas
Você nunca tem sorte
Apenas apressa a morte.
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