Tentaremos algo novo, um tratamento diferente. É hora de mudar alguma coisa, talvez plantar uma semente, apenas pra ver os resultados.
Quando foi a última vez que eu te vi? Não importa, deixou de ser um fator delimitante, agora outra coisa é constante, mas apenas o torpor pode me salvar. Os dias são iguais, as pessoas são normais e eu permaneço estático, sem nenhum lugar pra ir, sem ninguém pra visitar.
De minhas escolhas, colhi somente a realidade. Agora aguardo um fim teatral, que talvez não seja capaz de encontrar.
Quero apenas ver o fogo arder, por entre uma noite fria e calada, e quando raiar a alvorada iluminando a terra vazia, deformada, nada irei temer.
Pois cada lágima secou, cada palavra queimou.
Mas ainda abro os olhos, numa tarde chuvosa, deitado de mau-jeito. Talvez seja inevitável sonhar com o fim, enquanto não encontro um motivo pra seguir, mas espero um dia mudar, e não me decepcionar por sempre despertar em meu leito.Tenho dúvidas sobre o que dizer, o que sentir, me policio para não acabar como um mártir. E a maldita figura que me observa, continua em silêncio, talvez por eu também não falar ela opte por não se precipitar.
Nas ruas vazias ouço as preces, de soldados cansados demais para lutar. Os vultos dos que pereceram, ainda tentam retornar.
Mas seus lares não os aguardam mais, e nas ruas eles passam a ficar, fazendo companhia aos cães sem teto, e ao vento do inverno. Sussurram em nossos ouvidos, tentando nos empurrar valores morais. Dizendo que vai contra as leis de Deus, o prazer que a droga me traz.
Mas mesmo assim bebo até perder a noção, e me drogo com satisfação, porque só assim posso ver suas cores. E quando o efeito começa, as vozes cessam, e sobra apenas a consciência. Até que o vinho desce, não deixando nenhuma evidência.
E viro mais um cão na madrugada, esperando que o sol nunca apareça.
Esperando apenas um dia achar minha amada.
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