Palavras.

Quando falar não é suficiente e ouvir é descartável. Cada conversa se torna monótona, o tempo começa a correr e você percebe que não entendeu nada, porque não se importa.
De repente todo sentimento se torna igual e o mundo vira um cinza a cada tom, todos perdem o brilho próprio e a noite se torna agradável. Você observa as pessoas ao seu redor, seus sentimentos e reações, ouve suas piadas e nem mesmo consegue esboçar um sorriso, as brincadeiras perdem o sentido e você não se sente motivado a fazer nada, apenas deliciar-se com a dança incessante da fumaça bem à frente dos seus olhos.
Perdeu a graça ficar entre eles, ouvir suas idéias e ideais, "apenas beba água e tudo ficará bem", você pensa. Não é possível ser honesto consigo mesmo, nem escrever algo entendível, simplesmente não sai.
Você se depara novamente com o vazio, apenas abre os olhos e percebe que não está mais voando, tudo não passou de uma queda contínua. E o chão começa a se aproximar rapidamente, mas não consigo tentar me proteger, quero apenas mergulhar de cabeça nesse poço de escuridão.

Aí se escuta uma batida, e outra logo após, impossível descrever a sensação de ouvir seu coração batendo enquanto está em rota de colisão com a realidade. Toda calma, desinteresse e consentimento se transformam em pânico e ansiedade. E com isso vêm o vício, o ócio e o cinza. Tomando conta de toda alegria que antes havia.
Por final, sobra apenas um poema e uma lágrima, o poema queima e a lágrima seca. Ninguém se lembra de você.

Você nunca existiu.

2 comentários:

Laís Thalles disse...

Pessoas podem não notar, mas sabem, sentem de uma ou outra forma que você existiu, que sua essência está presente no ar.
Dèjavu.

acapuani disse...

Gostei bastante do jeito que você escreve. O texto ficou muito bom!