Bianca.

Estranho olhar as coisas como estão agora, minha ultima memória da maioria das coisas é completamente diferente. Os caminhos não batem, os casais são desiguais e, para minha surpresa, encontro cada vez mais pessoas seguindo meus passos tortos.

É triste lembrar de tudo de bom que passei, e olhando agora, perceber que era uma felicidade tão ridiculamente fútil que me enerva. Tentei entender como tudo chegou aonde está, tento ainda mais entender o que há de errado comigo, qual é a parte da minha personalidade que me impede de ser feliz e completo, dentro da legalidade de Deus.

Cheguei num estado que simplesmente o tempo parou pra mim, não consigo mais me sentir em desenvolvimento, como se me tornasse algo melhor. Simplesmente o tempo parou, tanto em minha mente como em meu coração, deixando apenas um vazio gigantesco, que tento preencher com toda paz das madrugadas mal-dormidas. Acordo sem saber os dias, vivo sem saber as horas, só existe o dia e a noite, escolho qual vai ser o palco e pronto, tenho uma história.

Tudo se desenrola, lenta e progressivamente, gerando as cenas mais variadas e peculiares, frente aos olhos críticos de um adolescente mal desenvolvido, quase que feitas para o sarcasmo e a crueldade se esbanjarem. Com o tempo, amores são substituídos, valores são alterados e o caminho continua a seguir, para todos, menos pra mim.

Agora fico na dúvida, se sair desse palácio de cristal, a vida pode correr em frente aos meus olhos e, se resolver me enterrar nesse casúlo de indiferença, deixar de viver.

Mas tudo isso só importa de verdade quando acaba o cigarro, o conhaque e a paz.