Diversidade.

Na cor de uma quinta, o ar gelado me acalma. A paz de estar sozinho é superada pela euforia de estar junto, enquanto não falamos. E então chego a mais uma encruzilhada, estar feliz mas não conseguir criar ou estar triste e ser um gênio. Meus pulmões se enchem de fumaça enquanto espremo duas ou três palavras que rebuscam o texto.
Mais dois goles curtos, recolho o copo ao queixo e observo o gelo dançando entre o castanho, sem saber se aquilo é um poema ou uma declaração. Tentando falar sobre o amor e acabo assassinando personagens, respiro fundo e continuo criando sem pensar, apenas colocando idéias cruas no papel, me deixando levar pela música de meus movimentos. Logo, está pronto, toda uma história que não vivi, mas que outros podem ter vivido ou, no mínimo, se interessem.
Termino minha dose e preparo outra, menos outro cigarro no maço, menos outro dia de vida, mas não ligo muito. Quando minha hora chegar, acho que vou estar pronto, ou não, tanto faz. De nada vai adiantar eu ficar perdendo meu tempo com isso, preciso criar algo digno de ser lido, algo que me faça sorrir ao final.
Não que eu goste de tudo que escrevo, ou que faço, mas pelo menos preciso sentir que não me arrependo, preciso saber que foi a decisão certa, que escolhi as palavras bem. Sempre preocupado com acentuação, escrever corretamente e fingir que sei o que estou fazendo. Alguns dizem que os melhores escritores são aqueles que colocam suas almas no papel, outros preferem os que criam histórias cativantes, que prendam a atenção.
No final, não importa o quanto você se esforce, o fator determinante é o quão lucrativo você pode ser. Não existem vencedores, todos perdem, principalmente eu, que sou aquele que tentou e falhou.
E no fim do dia, deito a cabeça em meu travesseiro e, antes de desmaiar bêbado ou rolar de um lado para o outro tentando eliminar a náusea, sorrio. Lembro de tudo o que fiz no dia, na vida e sinto que sou completo ao meu modo. E sorrindo, eu me jogo no mundo dos sonhos mais uma vez, buscando tudo aquilo que não possuo, não me importo se é real ou não, é o meu mundo, minha mente, se para mim é real, como podem discordar? E mesmo que digam algo, continuarei não me importando porque, no final, vou sorrir antes de dormir.

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