Mudanças.

Dia 30 de Agosto de 2008.
Pela primeira vez eu descobri que posso ser feliz.
Dia 1 de Fevereiro de 2009
Encontrei novamente a tristeza, e daqui começo minha história.

Era um dia quente, ela vestia o usual, o adequado. Eu apenas queria mais e mais que aquela dor acabasse, mas ela apenas começara. Cansei de esconder isso, de tentar engolir e pensar que vai passar, não passa.
Dez longos meses se passaram, anos em minha mente, sendo invisível. Olhar para as pessoas, enxergar sentimentos, pensamentos, e minha mente vazia. Tamanho torpor que me tornou vazio, algo que sempre digo, e que me mata por dentro.
Do primeiro mês, não tenho lembranças. Passava meus dias embriagado, fumando e gastando meu tempo me lamentando. No segundo mês, tentei encontrar felicidade em lembranças vagas, vazias.
Decidi então me tornar o monstro sem coração. Meu maior erro.
Encaro agora minhas consequências, espalho tristeza para todos ao meu redor, principalmente para a pessoa que mais me ama e me amou, minha mãe. Sou incapaz de demonstrar afeto por ela, e choro sozinho por isso. Porque virei isso? porque não consigo ser forte?
Queria, por um dia, uma hora, ser forte e dizer a ela o quanto a amo. Mas não consigo, não posso. Sou um idiota, um mero imbecil, que quer apenas ser feliz.
Com a Camilla, minha ex-namorada, errei. Cometi erros imperdoáveis e me arrependo disso. Na verdade, me arrependo de cada minuto em que não disse o quanto a amava, cada momento em que eu fui um completo idiota, buscando algo tão fútil, tão vazio.
Hoje, sou incapaz de olhar para ela, de desgosto. Mas mereci tudo o que passei e sofri, cada minuto em que chorei, foram merecidos.
Escondo tudo com um sorriso falso. Me drogo em busca de uma paz momentânea, achando que assim eu posso simplesmente encurtar minha vida. Doce ilusão.
São tantas coisas que quero, pouca força para conseguir. Meus desejos são baseados em vontades, impulsos simples e infantis. Sou um idiota infantil.
Colocando em palavras, sou a pessoa que todos querem longe. Feio, gordo, chato. Aliado a tantos fatores, sou uma pessoa essencialmente triste.
Aliás, a tristeza tem sido minha companheira por muitos anos, o que me faz sentir seguro com ela. Tenho pra mim que no fundo do poço, estou seguro. Não há como me afundar mais, que não podem me ferir. Mais uma vez, uma ilusão.
Ouço musicas que me deixam triste, escrevo sobre a tristeza, porque penso que assim posso tirar ela de mim.
Mas nasci pra ser assim, meu destino é sofrer até o final e eu não vou desistir até ser alguém de quem vocês possam se orgulhar. Sim, vocês que estão lendo este texto, meus amigos. Esse é meu desabafo.
Hoje fiz um Vestibular para a Unicamp 2010, se eu passar, vou largar tudo o que tenho e viver em outro estado. Meus amigos, minha familia, tudo vai ficar para trás. Tudo.
Porque eu quero isso? Agora me pergunto onde a verdade está.
Segunda-Feira, 16 de Novembro de 2009, 02:45 e ouço Rancore. Estou imerso em dúvidas, chorando, sentado à frente do computador, digitando todo este texto, deixando que tudo flua por entre minhas palavras. Este é meu dom, minha dádiva, as palavras são minhas aliadas. Mas o preço é alto demais.
Certo dia, do qual me lembro perfeitamente, estava sentado em um banco qualquer e vi algo que abriu mais a ferida. Ela lá, com um dos que eu odiava, e feliz. Não sei o que senti, mas sei o que fiz. Fui um covarde novamente e logo me joguei novamente na felicidade instântanea, a maldita cocaína. Sim, fui viciado em cocaína.
Como disse uma vez um poeta, "Parece cocaína, mas é só tristeza."
E ele estava certo. Consegui me livrar disso, mas meu maior vício fica, a tristeza. É horrível chegar perto de meus amigos agora, me sinto um estranho.
É como se tudo o que passamos juntos fosse um sonho, uma lembrança distante. É tão vago que não consigo me sentir confortável, quero estar sozinho e quando consigo, quero estar com eles.
Não sei como expressar, são flashes, sonhos. Lembro de besteiras passadas com alguém especial e não sinto nada. Não consigo mais amar as pessoas.
Apenas engulo tudo tentando preencher meu vazio.
Agora, estou me preparando para uma nova vida, novos caminhos, novas pessoas, e tenho medo. Mudanças sempre me trouxeram tristeza. Nunca soube o que foi o amor incondícional de uma mãe ou um pai, nunca soube o que é ser amado pela sua família, sempre me senti desconfortável por ser apenas o "filho", "neto", "sobrinho", mas nunca disse nada. Deixei que tudo se perdesse dentro do meu coração e logo ele foi morrendo aos poucos e eu fui caindo, parte por parte, até não sobrar nada, só um cadáver. Uma memória do que foi um dia um garoto cheio de sonhos e ideiais de aço, que não podiam ser destruídos por força alguma.
Sempre tive o sonho de ser um herói, que todos olhassem para mim como alguém importante, responsável por apenas um grande feito: morrer para que todos pudessem viver.
Sonhei em me sacrificar, dar minha vida para que outro vivesse. Isso, pra mim, é o maior feito que um ser humano pode realizar. E acho que não hesitaria em fazer isso, por meus amigos ou por ela.
Alguns de meus ideais continuam fortes, são minha base, o que restou do que fui um dia. A honra, o caráter e minha alma são as únicas coisas que nunca deixarei que tirem de mim. Mesmo que eu os destrua em decadência, nunca deixarei que tirem de mim minha essência.

Por agora, isso é tudo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sei bem como se sente.

Costumo me auto-denominar um ser abissal. Porque? Apaesar de estar na escuridão e sozinho, não tenho predadores e não precisam me temer, pois não percebem minha presença. Mas ataco na hora certa, tenho táticas e mandíbulas fortes, forjadas na experiência de viver no fundo, no fim. Ninguém se compara a mim. E assim vivo, pois a própria essência de viver é um sentido para estarmos aqui: temos de ir até o final, pois se o fundo é o limite, aqui estou, devolvendo o terror a qual fui submetido.

Anônimo disse...

não ta bem neh?:/